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17.12.05

O Show do Dr. Sin - Parte II

Voltamos pro Othon, e os portões estavam abertos.

Mas ninguém entra num show sem pegar fila (a não ser que você seja da produção, claro). E, nesse caso, não podemos chamar o que havia ali de fila. Era uma aglomeração, mais ou menos como a galera pra pegar o lanche lá no colégio. Tinha até algumas pessoas que tentavam fazer algo organizado, mas quem tenta ser honesto no Brasil só se fode. O resultado era quase um espermatozóide:


Não nasci pra pegar fila, então eu e meus amigos resolvemos ficar num cantinho esperando a coisa aliviar. O pessoal não é doido de começar o show antes de todo mundo entrar. Não tinha problema nenhum. Estávamos nós tranquilos, conversando sobre o efeito estufa, quando vem um cara todo alegre na minha direção:

- Ei! Eu toco na sua banda!!!!

Tava meio escuro e eu demorei pra reconhecer, até que então me toquei: era o baixista da Far Sight.

O cara vinha todo alegre, querendo dar um abraço, e tomou uma bicuda na canela!

- Ô seu filho da puta, por que não foi pra merda do ensaio?

- Ai! Porra, o cara só me avisou quando faltava uma hora, e eu tava na casa de praia de minha tia. Não deu...

- Humpf! Sai da minha frente antes que eu te parta em dois!

Ele saiu correndo desesperado e sumiu no meio da multidão. Claro que eu tinha motivos pra estar com raiva. Se ele fosse pro ensaio, o valor ia ser dividido por mais pessoas, e conseqüentemente eu gastaria menos de 12 reais. Filho da puta! Se bem que eu devia mesmo era estar odiando o cara que marcou o ensaio, porque avisou de última hora e ninguém pôde ir. Depois eu dou uma bicuda nele também.

Mas a "fila" estava andando devagar demais. Começamos a temer que o show de fato começasse antes de todo mundo entrar. Isso já aconteceu uma vez, mas era um show com quatro bandas, e a de abertura só ia tocar meia hora mesmo. Seria muito diferente com o Shaaman. Mas sabe-se lá o que pode acontecer, né. Na dúvida, resolvemos nos aproximar da putaria pra analisar a situação. Foi aí que deu pra ver o absurdo.

Haviam apenas três catracas pra entrar. Só três, nada mais que três. Não satisfeito com isso, o pessoal da produção resolveu dividir o fluxo de pessoas, o que me fez desejar que aqueles filhos da puta tomassem um prejuízo brutal nos ingressos. Mas tinha muita gente, os sacanas devem estar com o rabo cheio de grana. Sim, a razão da minha raiva é que a divisão das "portas" foi feita de uma forma "meio" desigual:

- Uma para o camarote - 100 gatos pingados que tinham 40 reais pra gastar;
- Uma para pista com autógrafo - 200 primeiros a comprar;
- Uma para pista comum - DUAS MIL PESSOAS!!!!!!!

O resultado da estupenda e maravilhosa burrice vocês já sabem. Enquanto numa catraca tava a maior putaria, as outras duas estavam vazias. Só depois que restavam pouquíssimas pessoas pra entrar (inclusive eu), resolveram liberar o acesso da pista comum por todas as catracas. Mas a essa hora nem precisava mais. Filhos da puta!

Passamos pela catraca, fomos revistados (o segurança passou a mão de modo suspeito em meu saco), e procuramos um bom lugar para nos posicionar. Eu queria algum lugar na frente, pra ficar perto e talvez conseguir derrubar a bichinha do André Matos do palco, mas como haviam dois semi-aleijados comigo (quebraram a perna e ainda estavam em fase de recuperação), era mais prudente arranjar um canto mais pro fundo, onde não tem quebra-pau.

Lá atrás, havia uma "clareira" que parecia feita pra nós. Nos estabelecemo por lá mesmo, à espera do início do show. A visão do palco era até boa. E foi de lá que a gente pôde olhar pro camarote e rir da cara daqueles otários que pagaram 40 reais: o camarote nada mais era que um trequinho com uns 50cm de altura e uma grade na frente. Como se não bastasse, ficava no fundo extremo, ou seja, mais longe do palco, impossível. Palco esse que era bem alto, e dava pra ser visto, e bem, de qualquer ponto da pista. A não ser que um gorila cabeludo ficasse na sua frente, e foi exatamente isso que aconteceu comigo.

Não bastasse ter que aturar o som de André Matos e sua galerinha, ficava um gigante filho da puta na minha frente impossibilitando-me de ver as macacadas que eles faziam (dá pra se divertir um pouco). Nesse momento eu pensei em cortar o cabelo. Falando sério, quando aquela porra lá tava em minha frente, eu pensei seriamente em cortar meu cabelo, e voltar a ser um rapaz "respeitável". Meu cabelo não é bom não, mas, puta que pariu, o do cara era no mínimo 10 vezes pior! Eu ia juntando a raiva de não conseguir enxergar direito com o fato daquela porra estar a uns 5cm de meu nariz, e queria matar aquele sacana. E fedia, viu. O cabelo dele tava preso, e não se direcionava pra baixo. Era pros lados e pra cima:


Alguém no mundo acha essa porra bonita? Nem a mãe do cara deve achar! Fui juntando na minha cabeça todas as vezes que alguém dizia "corta essa porra", "porra, tá horrível" ou "você acha isso bonito?", e quase tomo ali mesmo a decisão de cortar. Lembrei que é um saco lavar a cabeça, que o cabelo atrapalha na hora de fazer muitas coisas. Mas não. Meu cabelo não é horrível como o daquele cara. Merece ficar na minha cabeça mais um pouquinho, pelo menos até passar no vestibular. Acabou.

Pensei em procurar outro lugar, mas acho que o Shaaman não valia o meu esforço. Arranjei uma alternativa melhor: jogar Fifa 2004 no celular! Mas não venham pensando que meu celular é fodão. O gráfico é uma bosta, e os jogadores se movimentam como soldados que tiveram suas pernas arrancadas no campo de batalha (ou seja, mais lerdos que lesmas). Mas é divertido, dá pra passar o tempo.

Brasil x Argentina. Grande clássico. A bola começou comigo, e fui logo pro ataque numa jogada individual. Tocar a bola, nesse jogo, é sempre um mau negócio. Driblei uns três zagueiros, e tomei um carrinho de alguém que não lembro o nome. Mas o árbitro filho da puta não marcou falta, e o sacaninha saiu correndo com a bola. Tento a posse de bola amigavelmente enquanto ele vai chegando na minha área. Quando já tava perto do gol, não teve jeito. Meti um carrinho. Adivinha quem foi? ROQUE JÚNIOR!!!! Ele, que deve dar a bunda pra toda a comissão da CBF. Entra técnico, sai técnico, e essa desgraça continua escalada!!! O pênalti, batido por Crespo (na verdade não lembro quem foi, esse é o primeiro nome que veio na cabeça), passou por Marcos e tornou-se um gol. E por pouco eu não meto o celular no chão. Saí do jogo e guardei-o no bolso, em segurança.

O Shaaman tinha acabado de sair do palco, pra certamente voltar alguns minutos depois. Aquela encenação idiota que toda banda faz.

E vocês vão ter que esperar mais um pouquinho...

[P.S.] Diretamente do MSN, para aqueles que ainda não entenderam como era o cabelo do cara. Aí está o moleque de perfil:




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