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4.12.05

Dessa vez passei perto, quase apanho na rua. Se bem que isso podia até dar certo status no colégio: "pô, Bill tava brigando na rua, só que aí como eram seis caras contra ele, acabou apanhando, mas ele brigou pra caralho, só se deu mal porque não tinha jeito". Aí todos iam me achar o fodão, e me respeitariam ainda mais (claro, sou muito respeitado). É, acho que seria melhor brigar mesmo. Mas como já passou, não adianta chorar. Qualquer dia procuro esse povo de novo, mas agora tudo que posso fazer é relatar a história.

Estávamos nós aqui perto de casa por volta das 8h da noite, na maior vontade de comer um hot-dog com pimenta e rúcula (a rúcula é mentira, mas pimenta tem sim). Como a fila era bem grande (mais ou menos como essa aí da esquerda), resolvemos ir comer um espeto de carne, que fica um pouco longe. Até aí tudo bem.

(Só uma dúvida: você sabe que a fila não era tão grande assim, né?)

Mas acontece que Vinicinho sofre com a síndrome de tem-uma-mulher-me-olhando. Por causa disso quase me fodo. Eu já estava um pouco longe, quando o cara voltou ao carrinho do hot-dog pra ver uma mulher que, segundo ele, não tirava os olhos de seu abdômen super-definido. Já passava um bom tempo, então comecei a olhar na sua direção pra chamá-lo, na esperança que se virasse e pudesse me ver. O problema é que entre nós havia um grupinho com seis ou sete caras aparentemente muito maus. Devo explicar aqui que a distância entre eu e Vinicinho era cerca de 10 metros, e os malvadões estavam bem no meio.

Só omiti a fila, porque é irrelevante.

Ao me ver olhando insistentemente na direção deles, os caras começaram a pensar que eu queria confusão, e passaram a me encarar. Puta que pariu. Mas eu percebi isso, e virei pro outro lado, fingindo que nada tinha acontecido. Só que o viado do Vinicinho tava demorando demais! Olhei mais uma vez, e ele tava virado pra mim. Fiz então aquela pose de "o que foi?", abrindo os braços e fazendo cara de indagação. Os caras viram e devem ter pensado "pô, esse pivete tá de brincadeira... tirando onda com a gente, e ainda tá sozinho", e olharam pra trás pra ver se eu não estava falando com alguém. Como tudo sempre dá errado, Vinicinho não estava mais virado pra mim. Filho da puta! Agora eles tinham certeza que eu queria briga, e estavam em um número muito grande (se fossem até cinco eu quebrava todos no pau).

Pose de "o que foi?". Atenção especial pra cara de indagação. E o cabelo também não é assim, eu só tava com preguiça de desenhar.

Mas pelo jeito eles não estavam muito a fim de confusão não, porque continuaram parados. Por um milagre (é, talvez eles existam), Vinicinho veio nessa hora (ele ainda não sabia da confusão que tinha criado). Puxei-o pra ir mais rápido, só que a bicha quis parar numa merda de uma barraca pra comprar doce. Aquelas balas mastigáveis de cinema, são muito gostosinhas. Não lembro ao certo porque não comi nenhuma. Acho que pedi mas o sacana não deu. Muito mau esse cara. Estava começando a contar a história pra ele, já pensando que havia me safado, quando chegam dois caras de meu lado. Um cabeludo, que não parecia muito mau, e outro com cara de miseravão (ui!). O cabeludo com cara de otário foi logo falando comigo:

- Ô seu cabeludo! Eu tava ali sentado de costas, e os caras disseram que você me chamou de mulher! Que idéia é essa?

Porra, não pensei em mais nada pra falar, além do óbvio:

- Não falei não... Também sou cabeludo, pô...

Fim de papo. Ele não podia dizer mais nada. Como um cabeludo chamaria o outro de mulher? Impossível. Percebi o alívio no rosto dele, que apertou minha mão (?) e foi embora. Não sei se é porque não gosta de brigar, ou porque sou muito forte e teve medo. Mas o cara do lado não gostou muito não. Eu finalmente estava salvo.

Em primeiro lugar, tive sorte porque todos os caras não vieram tirar satisfações, preferindo dar essa tarefa a um que não estava nem com eles (que deve ser amigo, claro). Mas o que me salvou mesmo foi a falta de criatividade deles. Se raciocinassem um pouquinho, iam perceber que aquilo não funcionaria, e inventariam outra coisa pra armar a briga. Mulher é foda! Um aidético não diz que outro tá fodido, por exemplo (que comparação infeliz). Se dissessem que eu chamei o cara de "puta", por exemplo, não tinha escapatória. Seria a minha palavra contra a deles, e o cabeludo com certeza acreditaria nos amigos. Eles foram muito burrinhos, muito mesmo. Nossa, como foram jumentinhos.

Mas de qualquer forma eu não tive medo, pois como disse antes Vinicinho estava por perto o tempo todo. E ele é forte pra caralho. Ah, se é.

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