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26.6.05

Quem nunca teve um Super Nintendo? Eu mesmo não.

Meu maior sonho entre 5 e 10 anos foi ter um Super Nintendo.

Todos os meus amigos no primário passavam o dia conversando sobre Mario e trocando fitas, enquanto eu ficava totalmente por fora do papo. Eu lembro que o enteado de minha tia tinha uns quatro consoles diferentes. Filho de pastor evangélico é assim... Já eu, não tinha videogame nenhum, e de tanto encher o saco de meu pai ele disse que me daria um de aniversário.

Eu não conhecia a caixa do Nintendo e nem sabia ler direito. Quando chegamos na loja, meu pai pediu pro vendedor pegar um pacote que até então eu pensava que era um jogo de panelas. Era um Mega Drive. Ô desgraça! Eu falei que não queria aquele, mas ele disse que o SNES tava muito caro.

Foi divertido quebrar o isopor que protegia o meu videogame não muito querido.

Agora eu podia dizer que tinha um game, mas de nada adiantava. Meus colegas nem sabiam o que era Sonic! Eu continuava por fora das conversas e zerei o jogo do porco espinho - o único que eu tinha porque veio junto - umas três vezes.

Eu não mais me contentava só com o Sonic. Depois de zerar usando a raposa (esqueci o nome dela) resolvi alugar uma fita. Nessa época eu morava em Jequié, interior brabo. Não preciso dizer que a locadora não tinha mais de uma prateleira de fitas de Mega Drive. De Super Nintendo era uma parede inteira, claro.

Peguei o primeiro jogo que vi pela frente, que tinha um bicho formado por bolas verdes. Quando comecei a tomar gosto, tive que devolver. Peguei Mortal Kombat. A única coisa que me lembro é que um cara dava o fatality que fazia o adversário cair nos trilhos do trem, aí vinha o dito cujo e passava por cima do infeliz. Eu sempre pedia pra meu pai comprar uma fita nova, mas ele alegava falta de dinheiro. Enrolar criança é muito fácil! Queria ver se fosse hoje!

Desmotivado após zerar Sonic mais cinco vezes, parei de jogar. Voltei a morar em Salvador, lugar de onde eu nunca devia ter saído.

Ao chegar no meu novo prédio, conheci um cara que acabara de vender seu Mega Drive, mas ainda tinha duas fitas: Fifa 94 e Winter Games. Primeiro comprei o Fifa pela bagatela de 10 reais, e após passar mais um tempo sem merendar na escola peguei o Winter Games pelo mesmo preço. Conheci também um amigo que me mostrou a primeira foto de mulher pelada da minha vida. Por um acaso, ele tinha um Super Nintendo e umas 20 fitas.

Mas quando eu tava feliz com meu Mega, vem a bomba: surge o Playstation! O rei das Playboys comprou logo um, e eu passei a ir na casa dele todo dia. Pronunciávamos Syphon Filter como "Ispóu Fílter". Só passamos a falar o nome certo quando chegou um cara novo no prédio e nos ensinou.

Mas meu mundo estava acabado! Quando eu consegui umas fitinhas pro meu videogame, aparece um com gráficos 3D que me dá inveja!

Alguns anos depois, compro um PSone, o Playstation em miniatura. Surge então o PS2.

É por causa da minha infância problemática que hoje eu matei meu porquinho-da-índia.

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