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7.9.05

Lição de vida

Pois é. Foi aniversário de meu primo no boliche. Fui avisado semanas antes sobre a carona que tomaria - uma van que iria levar os colegas dele da escola até o local da festa. A escola fica aqui do lado de meu prédio, mas como tudo pra mim é complicado, por mais que já soubesse há muito tempo, consegui transformar a tarefa numa confusão.

Bem, eu precisava estar às 17:30 em frente à escola, caso contrário perderia a festa. Mentira. Minha mãe passaria pra me pegar nessa situação, mas não sem antes procurar um galho seco e encher minha bunda de porrada (aqui no nordeste o costume é esse) pela gasolina e tempo que a fiz gastar. Enfim.

No dia anterior, recebi a notícia que teria que ensaiar a música de um festival que vai ter lá no colégio. O ensaio seria de 13h às 16h. Música essa que é de HC/Emo/Punk (isso é porque não sei qual o verdadeiro estilo) e tem versos do tipo: "Ele só é mais um escravo da burguesia" e "Por que não a anarquia?". Pra você ver como eu sou um verdadeiro porco capitalista, que é capaz de cantar contra o capitalismo. Na verdade capitalista não, porque a parada não envolve grana. Enfim.

Ensaiamos até o limite das 16h. Peguei minha guitarra, juntei meu equipamento (olha que coisa chique) e separei R$1,50 pro ônibus de volta pra casa (fiquem com inveja, paulistinhas). O trajeto demora cerca de 40 minutos. Esperei uns 15 minutos no ponto e o buzú chegou. O problema é que já tava perto da hora do rush, o que me fez chegar em casa às 17:10. Penetrando em meu domicílio, recebi o recado da empregada: "Ôôôô [insira meu verdadeiro nome caso saiba]! Tua tia mandô tú ligá pa ela!". Era a mãe do aniversariante. Certamente era pra confirmar a carona. Lembrei-me então que eu não sabia o telefone dela. Tentei ligar pra minha mãe, que não atendeu a bosta do celular. Olhei no relógio e percebi que já eram 17:15. Não dava tempo de ficar ligando pro resto da família pra pegar o número dela. Entrei no banho. Consegui demorar apenas 10 minutos, o que é verdadeiramente mágico, e ainda passei condicionador! Caso você saiba somar, já concluiu que eram 17:25. Me arrumei rápido e saí correndo em direção à escola de meu primo.

Cheguei lá e encontrei minha tia na porta, que disse: "Poooooooxa... Teve um passeio da escola e os alunos ainda não voltaram!". Além disso, a van também não estava no local esperado. Começamos a conversar um pouco, e então perguntei quantos colegas eram, ao que recebi a resposta: "Hum... Acho que a sala toda... São 16 e mais duas professoras, além de sua outra prima! Mas eu trouxe meu carro pra se houver algum problema". Pra esclarecer um pouco, toda a minha família estuda ou já estudou nessa escola, menos eu. Fiquei pensando no seguinte: a Topic, que é a maior das vans, tem 14 lugares sem o motorista. Mas seria difícil. O mais provável é que fosse uma Besta, com 11 lugares. Comecei a ficar preocupado. De repente, chega o ônibus da escola, e desce um batalhão de pivetinhos. No meio da multidão, que podia ser comparada àquela (já disse que não é erro) de outro dia no Iraque, consegui ver sinais de alguns primos (já falei que minha família toda estuda lá!). A massa dirigiu-se para suas salas de aula com o intuito de pegar seu material. Boa parte desse povo iria conosco ao boliche. A van ainda não havia chegado. Então chegou.

Todos nós ficamos impressionados logo que avistamos de longe o veículo:


Era mais ou menos isso aí!


Tudo bem, confesso que estou mentindo. Mas o espanto foi verdade, afinal, não era a van que esperávamos:

Era exatamente isso... Até a cor!

Puta que pariu! Será que ela queria levar a escola inteira? Minha preocupação se desfez rapidamente, mas aí veio outra: e essa meninada toda gritando no buzú? Lembrando que já era 18:00, o auge dos engarrafamentos por toda a cidade, e demoraríamos no mínimo 1h pra chegar no local (é longe pra cacete). Foi aí que titia perguntou: "Quer vir no carro comigo?". Ótimo! Talvez eu tivesse mais coisa pra escrever se fosse no ônibus, mas acho que não valeria o sacrifício. Já bastou lá no boliche.

Sim. Por um acaso, a motorista da boceta (em espanhol, seus jumentos) era meio burrinha e pegou o caminho mais longo. Minha tia não quis seguí-la, e fomos então pelo mais curto. Depois de no mínimo 50 minutos, chegamos lá. A "van" ainda não estava, claro. A única pessoa conhecida existente no local era o pai do aniversariante, que logo me chamou pra começarmos um jogo. Providenciei o início da brincadeira com as funcionárias-de-boliche-gostosas, que na verdade não eram gostosas, e pegamos as sapatilhas (ui!). Com menos de 15 minutos de diversão, acabou a nossa paz. Chegou a merda do ônibus. Furiosamente, uma manada que parecia conter centenas de milhares de pivetes, mas que na verdade só tinha 16, subiu na pista. Só pra constar, a média de idade era 7 anos. Começaram a pegar as bolas e jogar em todas as pistas, inclusive as desativadas. Incrível. Pude ver uma lágrima escorrendo do gerente do boliche. Quer saber? Próximo sábado jogo essa merda. Tirei o sapato e fui comer umas coxinhas (eu ia dizer bolivianos, mas vocês podiam entender mal), que estavam bem chamativas.

A festa não foi ruim, porque aos poucos minha família foi chegando e a conversa foi legal. Não conseguimos jogar boliche, claro. Disso extrai-se uma lição de vida, criada por mim:

"Sempre analise meticulosamente a situação a que irá se submeter e saiba o que pode lhe esperar. Desse modo, pode prevenir-se de surpresas desagradáveis."

Não entendeu? Pooooorra! Beleza, vou explicar: se já fosse no boliche imaginando o inferno que seria, eu não teria tomado um choque ao ver aquela multidão desesperada correndo atrás de bolas coloridas, e acharia normal. Nem daria vontade de meter uma chulapada na orelha de cada um.

É o Bosta Fina expandindo-se ao ramo filosófico!



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