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20.8.05

Sou um monstro

Eram 6h da tarde, e já estava escurecendo. Comecei a ouvir um barulho familiar. De repente, com uma velocidade incrível, passa atrás de mim uma libélula. Ah! Eu tava no PC (muito importante). Com meu medo característico de animais que não têm medo de mim, levantei-me da cadeira. Vamos precisar de uma planta da sala de meu apartamento:

Não precisa falar mal de minha coordenação motora


Posicionei-me em frente ao sofá, no tapete, e peguei uma almofada pra me proteger. O temido ser voador parou atrás da persiana ao lado do PC. Fui então na escrivaninha (não quis desenhar, e daí?) procurar algum objeto que pudesse ser arremessado contra o ameaçador animal. Encontrei algo parecido com aquele revestimento de borracha dos pés de mesas escolares. Joguei-o na frente da cortina, que balançou um pouco. O monstro nem se mexeu. Joguei mais algumas vezes, sem sucesso.

Era necessário então que eu batesse com a mão. Fui me aproximando com calma, sorrateiro. Quando estava perto, ele resolveu atacar. Saiu de trás da persiana a todo vapor, em direção ao meu rosto. Com toda a minha agilidade, parecendo com Neo (do Matrix, porra), esquivei-me da investida furiosa do meu adversário. O terrível animal fez a curva e voltou com fúria maior, mas tomou outro olé. Correu e foi pra baixo da mesa do PC.

Peguei na escrivaninha uma caixa de dominó. Fui jogando pedra por pedra para acertá-lo. Algumas pegaram, mas ele se movia muito pouco. Tive o estalo genial de ir buscar uma vassoura.

Agora armado, com a vassoura em uma mão e almofada na outra, assim como um cavaleiro medieval anglo-saxão, decidi que o invasor não mais sairia vivo da minha propriedade. Estava irritado. Dei o primeiro empurrão, e o animal fez um pequeno vôo, indo parar do lado da TV. Bati de novo, e ele foi pra perto da porta. Resolvi então voltar atrás e dar-lhe a chance de viver. Aquela porta significaria a liberdade para ele.

Mas acontece que com a terceira vassourada, a anta voltou pro PC! Agora teria que morrer. Notando a minha fúria, o animal tremeu de medo e entrou embaixo do frigobar, que fica ao lado do PC. Eu não teria mais como acertá-lo. Foi uma jogada muito inteligente. Mas ele talvez não soubesse que já foi inventado o veneno pra baratas. Chegou a hora de ver se aquilo servia também pras libélulas.


Peguei o SBP, destampei e balancei. Encostei no espaço que fica entre o frigobar e o chão, que não é muito maior que um vão de porta. Apertei. Nada. Apertei mais uma vez. Nada. Troquei a posição e apertei novamente. Dessa vez, o monstro começou a se bater. O barulho era incrivelmente alto. Ele morreria ou pela ação do veneno, ou de tanta porrada.

Eis que o engenhoso animal consegue sair de baixo do frigobar. Agora ele estava louco! Voava pra todos os lados, se batia no teto, no chão, subia, descia. Ainda estava suficientemente consciente para saber o que era seu alvo: eu. Seus ataques furiosos foram devidamente defendidos pelo meu escudo (almofada). O animal cansou, e voltou pra perto do computador.

Agora, ele se debatia no chão sem conseguir voar. Satan parecia ter tomado conta de meu corpo, então meu ódio aumentou e joguei mais veneno. Ele se contorcia desesperadamente. Sua bunda (o talo), que eu imaginava ser dura, enrolava e desenrolava como uma língua-de-sogra na boca de um asmático. Suas asas batiam, mas o bicho não saia do chão.

Foi então que voltei à lucidez, e percebi a atrocidade que estava cometendo. Quis matá-lo com uma vassourada, para que deixasse de sofrer, mas não consegui. Eu sou bonzinho demais. Não queria mais ver aquilo, a morte ao vivo e a cores. Peguei a vassoura e fui arrastando-o para a porta. Chegando lá, dei uma tacada à la Tiger Woods e mandei o animal pro inferno.

Vai, desgraça!

Pensando bem, ele até que mereceu. Ninguém mandou entrar na casa do guitarrista do Criadation!

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