Até que enfim vocês fizeram por merecer o post! Eu teria publicado bem antes, mas alguns imprevistos me atrasaram. Pra quem não acompanhou, a primeira parte é
essa aqui. Bem, ela acabou assim:
"Saímos do colégio às 11h. Eu precisaria estar na casa da vovó às 14h. Era um tempo bom. No meio do caminho, algum sacana inventou de parar no McDonald´s pra comprar uma casquinha, o que fez todo mundo ficar com vontade e comprar também, gastando meia hora. Tá bom, confesso que o culpado fui eu. Era meio-dia quando chegamos ao Porto da Barra, que como esperado estava completamente lotado, sem condições de nos abrigar. Paramos na lanchonete árabe (eu disse que é de lei), demoramos mais meia hora e fomos pro Barravento. Como dá pra perceber pelo mapa, não é muito perto. Chegamos lá às 12:50."O Barravento não estava lotado, mas havia outro problema: tinha mais surfistas do que banhistas naquela porra! Era tanta prancha que de vez em quando os caras trocavam socos pra ficarem sozinhos em uma onda, isso quando o "par ou ímpar" não adiantava, claro. Pra variar, toda a faixa do mar entre 1m e 1,5m de profundidade, lugar ideal para nós porque não é raso e principalmente também não muito fundo (o que elimina em 10% o risco de morrermos afogados), estava suja de areia. Aí você pergunta:
"Como é que o mar estava sujo de areia?". Os grãozinhos não se contentaram em ficar apenas embaixo, no lugar deles, e resolveram visitar a superfície! Era incrível! Nós não nos limpávamos na água, e sim nos sujávamos. Desistimos do mar e fomos pegar a bola de futebol americano.
E foi aí que São Pedro resolveu sacanear de vez. O céu foi fechando de novo, e os surfistas começaram a sair da água. Então algum colega teve a idéia:
"Vamos pro Porto agora que deve estar vazio!". Puta merda! Que idéia de jirico! E o pior é que a galera resolveu seguir o conselho. Como devem ter percebido no mapa, se eu fizesse isso estaria assinando o atestado de burrice, porque ficaria uns 2km mais longe da casa da vovó, e ainda teria que andá-los sozinho. Dei tchau pra galera e levantei acampamento às 13:30.
Foi só eu tirar os pés da areia que a chuva, antes apenas um chuvisquinho, foi se tornando mais e mais forte. Pensei então:
"Foda-se! Minha mochila é impermeável e já estou molhado de mar mesmo!". Decidi que não ia parar antes de chegar na casa da vovó. Pra provar que Salvador é um verdadeiro inferno,
A CHUVA ERA QUENTE! Onde já se viu merda de chuva quente? De vez em quando ainda batia uma rajada de ar úmido (quente também) que me fazia ter dificuldade pra respirar, mesmo sem ter asma ou coisas do tipo. Que miséria. Ah! Esqueci de contar que lá no Barravento havia tomado uma porrada grotesca de uma onda, o que me fez ir parar na beira do mar e perder a xuxa de cabelo. Todas as vezes que vou à praia eu levo duas e perco uma, mas nesse dia não tinha outra. Paguei por meu erro: com a chuva e o vento, a juba ficava batendo em meu rosto causando uma agonia do caralho, sem contar que tava mais duro que pedra por causa do mar.
Enqüanto passava na rua, todos me olhavam como se fosse um louco. Devia estar parecendo mesmo. Eu estava completamente ensopado! Parecia ter sido jogado numa piscina. Depois de subir uma ladeira imensa, chego no portão da vovó.
Toco a campainha e ninguém aparece. De novo, e ninguém aparece novamente. Olhei pela fresta do portão da garagem (sim, é uma casa mesmo) e não havia nenhum carro, mas isso não me preocupou. Eles venderam o velho e ainda deviam estar esperando o novo chegar na concessionária. Depois de uns cinco minutos esperando na porta foi que gelei: lembrei que ela havia dito que iria para Feira de Santana (uma cidade aqui perto) na quarta-feira para passar uns dias com minha prima. Restava a mim saber se a visita se extenderia até o sábado. Realmente eu queria escrever que quando abri a mochila pra pegar o celular estava tudo molhado por dentro, mas seria mentira. Ela é mesmo impermeável. Liguei então pra meu pai, que disse:
"Porra... Você se fodeu! Sua avó ainda está em Feira e hoje não vai ter almoço aí! Estou indo agora no hospital ver sua bisavó e pegar sua mãe pra ir almoçar. Você tá muito sujo ou quer que eu passe aí pra te pegar?". Sujo eu não estava, porque a quantidade de água doce que caiu sobre mim já havia tornado um banho desnecessário, mas não daria pra ir num restaurante no meu estado. Meu destino era comer
Nuggets solitário em casa.
Tive que voltar metade do caminho até o ponto de ônibus (veja o
mapa). Eu estava tão irritado e fora de si que, se vocês notarem, metade do caminho de volta era justamente na avenida em que passa o buzú (Prof. Sabino Silva) no sentido contrário, então a possibilidade de ele parar em algum ponto mais perto era imensa. Eu, de cabeça quente, não consegui raciocinar e andei pra caralho mesmo. Burro pra cacete!
Pela primeira vez no dia, tive sorte. Esperei apenas cinco minutos pra que o ônibus aparecesse. Nunca havia chegado em menos de quinze! Porém minha expectativa de encontrar o buzú vazio era falsa. Haviam alguns poucos lugares vagos. Pela situação em que me encontrava, completamente molhado, pensei por um instante em ficar de pé por educação, mas aí veio em minha cabeça:
"Estou cansado, fodido e já agüentei muita coisa dentro de ônibus! Eles que se fodam!". Fui no fundo e sentei na última fileira, entre uma suposta empregada doméstica e um pedreiro (ele tava com farda). O pedreiro nem se importou, mas a doméstica fez uma expressão de nojo. Deu vontade de cuspir na cara dela e gritar:
"Isso é água, coisa que você não joga no corpo há muito tempo, vagabunda!". E racista é a sua mãe! A pior impressão que se pode ter é ser olhado com nojo. Quando fui sentar, de propósito deixei a mochila, suja de areia além de molhada, encostar na perna dela, que discretamente tentou limpar com um olhar de desprezo. Que vadia! Pude reparar que ela tinha olhos verdes. Os pretos que me desculpem, mas acho que seus genes não permitem ter olhos verdes. Ah, lentes de contato, claro. Eu tava tão irritado que só não meti um tabefe na cara dela por causa da ligação que recebi.
Como eu havia dito, ladrões têm medo de cabeludos, ainda mais quando o cabelo está molhado e cobrindo o rosto. Eu realmente parecia muito mau, sendo assim, não havia problema em atender o celular. Era minha mãe. Perguntou onde eu tava, e disse que era pra chegar em casa rápido e tomar banho, que me pegaria pra levar no restaurante também (coisa que meu pai não queria). Ela é uma verdadeira
anja. Como não havia possibilidade de pedir ao motorista pra correr mais, contentei-me em acelerar no banho. Cheguei em casa correndo, passei condicionador no cabelo até ele se recuperar da água salgada, vesti uma roupa bonitinha e desci no momento exato em que meus pais estavam chegando pra me buscar. Por causa da correria, mesmo após o banho eu ainda estava suando. Aí vai uma dica: nesse caso, deve-se colocar os pulsos embaixo da torneira, que assim o sangue esfria.
Meu pai, contrariado, salvou meu dia quando disse:
"Vamos pro pelourinho!". Êba! Lá é do caralho. Além de restaurantes bons e baratos, tem o melhor sorvete de Salvador e ainda é legal passear pelas ruas de pedra e tal. Vocês que são daqui da Bahia deviam visitar.
E outra lição de vida tira-se desse episódio (a outra foi
aqui):
"Mesmo que o dia comece ruim, ele pode acabar bem!"Dessa vez me superei. Vocês não esperariam nunca que o
Bosta Fina fosse servir como modo de levantar o ânimo!
E de noite ainda teve show do
Viper, que por sinal foi do caralho! Depois conto sobre ele.
E se vocês olharem acima da caixa de buscas do Google, vão ver uma aranha mecânica. Se clicarem ali serei muito grato. Quanto mais dinheiro me derem, mais posts vou fazer! E ela não tem nada a ver com o AdSense, portanto, podem clicar nos dois!
Adeus!
(Eu ia dar uma última lida no post, mas como tá grande pra caralho fiquei com preguiça... Qualquer erro fala aí nos comentários!)